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24 junho 2014

Desafio Literário 2014/Junho #2







Doidas e Santas - Martha Medeiros
✰✰✰ - Bom

A principio, quando li a sinopse fiz uma construção mental da  estrutura desse livro: imaginei casos cotidianos contados de forma crítica, sequencial e que dialogassem entre si. Doce e tenra ilusão, literalmente. O que me despertou para lê-lo foi a palavrinha mágica que me compra, leva embrulhada e pode devolver com quaisquer danos: crônica. Sinceramente, não sei decidir se a favorito em relação a poesia, ou vise e versa, é um amor compartilhado e dividido altruisticamente. Além do mais, o título é um convite a parte, principalmente para mentes paradoxais como a minha. 

A introdução é um show. Digna de aplausos de pé, me forçando novamente a  criar uma ideia equivocada do que esperar e, logicamente, me induzindo a decepção. Disse "Pronto, de agora em diante será um derramamento de tiradas inteligentes e um balsamo de melancolias diárias. Como não gostar?" 
Não deixou de ter tiradas inteligentes, além de críticas inteligentes e metáforas inteligentes, o sarcasmo predispõe essa capacidade nobre de brincar e ser fantástica com as palavras.




Citações de Vinicius de Morais, Cazuza e outros poetas rondam por entre as crônicas e as salvam. O que seria de uma boa escritora, sem uma boa referência? Ah, seria só uma pessoa que observa e 'saca' alguns fatos e os repassa, simplesmente repassa.




Os pontos altos foram as histórias pessoais, isso é muito bom em livros. Mostra que não estamos estáticos, que não estamos lendo algo programado, mas sim algo que foi escrito por pessoas, que tem medos, anseios, fraquezas, objetivos e histórias para contar. Quando isso acontece as letras sambam para gritar que estão vivas e vividas, não que precisasse, mas por contentamento - e eu sambo com elas -; e também a metalinguagem. Duas possibilidades que me despertam satisfação em ler. A situação de o autor saber envolver - se com o texto a tal ponto de deixar transparecer a sua cara, sua carapuça e ainda brincar com isso e deixar claro como e porquê ele está fazendo isso nos textos.



A escrita dela é bem legal, sensível e contagiante mas não inovadora. Pode ser que eu esteja tão envolvida com cronistas e crônicas com gostos tão semelhantes que quando recebo mais do mesmo já não perceba algo de diferente acetinado. Além do mais, estou lendo paralelamente Rubem Braga, Fernando Sabino, entre outros. Logo, meu grau de exigência para uma boa crônica é bem alto. Porém eu gostei, gostei mesmo. Alguns trechos me fizeram balançar a cabeça em concordância como se tivesse ouvindo o melhor do rock, outros relidos com afinco, mas todos com especial carinho que banho as verdades. Só li verdades.

Recomendo o livro, merecedor de uma sexta - feira depois do trabalho, acompanhado de um CD de blues.







"Bah, guris" acabou essa resenha. "Capaz" de ter mais uma esse mês ou "chega pra ti" ?! #ValorizarLiteraturaNacional


2 comentários:

  1. Tenho muita vontade de ler esse livro, mas no momento tem outros na lista de espera; bom ler uma opinião tão clara.

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  2. Obrigada, Trícia! Recomendo (:

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