~ Hey ~
Que comecem as leituras de 2018! Mais um ano, mais Desafios Literários. Para abri os trabalhos, escolhi o livro infra resenhado, ousado, publicado em 1928.
"História do Olho",Georges Bataille
★ ★ ★1. Um livro de Ficção Científica
![]() |
Créditos: Jan-Saudek-Hyperbole-1 Pintura de Jan Saudek, retiradas [daqui] |
"História do Olho" é um livro eroticamente cômico.
Por vezes senti o desejo carnal, lascivo e pútrido no
qual o texto é embebido. O título carrega a palavra “olho” e a capa
contextualiza a que tipo de “olho” vulgarmente se refere. A variação de
nomenclatura para o orifício se repete várias e várias vezes, seja
enaltecendo-o, seja desejando -o.
O ato sexual em si não é detalhado, mas
mencionado e determinado. Não há “machadianismos” ao seu desenrolar, apenas o
que foi feito, onde e como. Situa e encerra. Os mais pitorescos fetiches são trazidos:
a urina e a ejaculação em corpos alheios e junto a cadáver, inclusive estupro
seguido de homicídio por enforcamento são alguns deles.
![]() |
Créditos: Jan-Saudek-Hyperbole-2 Pintura de Jan Saudek, retiradas [daqui] |
Entre os capítulos, desenhos eróticos adornam as páginas,
isso porque a obra conversa com a fase surrealista. Marquês de Sade ficaria
orgulho.
Trata-se do ardor da descoberta sexual de dois jovens,
parentes longínquos e suas angústias compartilhadas pelas “coisas do sexo”,
como o próprio eu lírico coloca. O texto é recheado de insinuações capciosas,
olhares insanos e principalmente um pudor retido pela necessidade esmagadora de
libertar-se, a libertação está intrinsecamente associada a nudez e essa por sua
vez, ao prazer.
Diferente do comum em relação as mídias que retratam o sexo,
em “Historia do Olho”, o sexo não finda ou tem necessariamente a sua consumação
no gozo, mas sim na exasperação, no limite do humanamente suportável. O
ambiente hostil de urina, sangue, suor, vômito e “porra” consome os personagens
e só então, exaustos ou insanos encerram.
![]() |
Créditos: SAudek-hyperbole-40 Pintura de Jan Saudek, retiradas [daqui] |
Vários objetos e “coisas”, por assim dizer, tem suas funções e características distorcidas em prol da conotação que os personagens querem dar ou precisam inseri-los e utilizá-los. Um pote não é mais um pote somente, um armário não é mais um armário somente e um ovo, não é mais um ovo somente. O único nu, cru e de fato real é o prazer e todo o resto meio para alcança-lo.
Por fim, o narrador nos apresenta uma versão do que poderia
ser a explicação para os atos narrados até então, mas sem justificar-se, o que
dá um teor autobiográfico a obra, onde já reina a metáfora.
Resenha referente ao Desafio Literário do Skoob Janeiro/2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário