| Por Claudia Tremblay |
Estava eu, na tranquilidade dos meus pensamentos na medida que 3 crianças brincando ao meu lado permitiam, até que uma delas me questionou e a tranquilidade se esvaiu.
"Isa, você é criança?"
A questão é que ela não me perguntou quantos anos eu tinha e tirou suas próprias conclusões, não reparou na discrepância da minha figura de observadora e a deles juntos gritando e pulando, ou ainda minhas feições ou minha altura, em comparação a ela mesma (ainda que eu seja baixinha). A questão é que ela não pensou em nenhuma dica óbvia para a resolução da sua dúvida, para mim tão absurda. Isso tudo porque a menina que tem o nome Rara, queria uma companheira de brincadeira, não saber em que ano eu nasci ou se já posso dirigir.
Sou criança o suficiente para sorrir com os sorrisos deles, para me arriscar a acompanhar o pique dos jogos, para ter uma conversa divertida, ainda que ilógica com eles e por que não, para brincar !?
Sou adulta o suficiente para mediar a intensidade das peripécias, auxiliar em alguma dificuldade de locomoção ou ainda vigiar por segurança.
Edna St. Vicent Millay certa vez disse que "A infância não vai do nascimento até certa idade e a certa altura a criança já está crescida [...] A infância é o reino onde ninguém morre."
Essa citação me veio a mente assim que recebi a pergunta de Rara, mas fiquei sem ação, não a respondi nada, só pensei muito em várias possíveis respostas. Naquele momento ela pode ter até se sentido ignorada, mas foi a responsável por uma das perguntas mais marcantes, embora simples, da minha vida, tanto que guardo-a com carinho até hoje e anseio um dia poder respondê-la. Provavelmente ela não se lembrará de um dia ter me feito tal pergunta, provavelmente não nos veremos mais, porém quero respondê-la, nem que seja como autorreflexão ou compartilhando com vocês.
Sempre acreditei que "criança", "adolescente", "adulto" e "idoso" transcende o número de velas apagadas durante a vida, exige critérios bem mais elaborados como: postura, maturidade, bom senso, discernimento, consciência, responsabilidade e talvez o mais importante seja o auto conhecimento, o auto reconhecimento.
Então, que saibamos nos reconhecer e nos permitir, afinal, parafraseando Rubem Alves, o que seria da vida sem longas e silenciosas metamorfoses?
Muito prazer em conhecê-la. Seja feliz!
Muito prazer em conhecê-la. Seja feliz!
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